Coordenação: Corpo Editorial da Vibrant
Chamada para artigos
A Revista Vibrant tem como política, desde o seu nascimento, a publicação de trabalhos em língua estrangeira com vista a promoção da internacionalização da antropologia brasileira. Passados vinte anos desde a publicação do primeiro número do periódico e percebida a consolidação desse canal de divulgação da antropologia brasileira para além das fronteiras nacionais, novos desafios emergiram face as mudanças ocorridas na academia brasileira.
Entre eles, está a profunda transformação nas universidades brasileiras e, consequentemente, na Antropologia feita em solo nacional. Com a ampliação das políticas de ações afirmativas para cursos de graduação, pós-graduação e docentes, a nossa disciplina começou a passar por uma intensa transformação nos seus cânones, nas questões de investigação, nas ferramentas analíticas, entre outros. Contudo, mesmo que as políticas federais de inserção de grupos historicamente marginalizados no ensino superior venham surtindo efeitos positivos, as desigualdades socioeconômicas que acadêmicos/as negros/as e indígenas enfrentam para prosseguir na vida acadêmica ainda são substantivas.
Em diálogo com tal contexto, a editoria da Vibrant tem trabalhado no sentido de criar meios para mitigar as desigualdades que se reproduzem no plano das publicações em língua estrangeira e, de acordo com seu mandato, servir como veículo propiciador da interlocução de antropólogos/as brasileiros/as indígenas e negros/as com periódicos internacionais especializados, sinalizando para a necessidade de ações afirmativas também no plano do suporte à pesquisa e à publicação de seus resultados. Nesse contexto, a editoria da Vibrant, em diálogo com a Diretoria da Associação Brasileira de Antropologia, submeteu o projeto “A Vibrant Project: Publishing Indigenous and Black Brazilian Anthropologists in foreign languages” e foi agraciada com financiamento da Wenner-Gren Foundation que viabilizará o custeio das traduções de dois dossiês, com dez artigos cada um. O primeiro dossiê será direcionado para a apresentação e compreensão daquilo que vem se conformando como “Antropologia Negra Brasileira”; enquanto o segundo será dedicado às transformações que as Antropologias Indígenas vêm promovendo no Brasil – assim como em outros contextos nacionais.
Sendo assim, o presente dossiê é proposto no âmbito de projeto financiado pela Wenner-Gren Foundation e tem por objetivo contribuir para a visibilidade e divulgação da ascendente produção de jovens pesquisadores/as antropólogos/as negros/as e que ainda sofrem, sobretudo nos últimos anos, com a escassez de recursos para ações afirmativas no plano da divulgação da produção doutorandos e/ou recém-doutores. O projeto financiado pela WG no âmbito da Global Initiative Grant visa contribuir para a superação da ausência ou distribuição desigual de financiamentos para custear as traduções de textos em língua portuguesa de antropólogos/as negro/as e indígenas. Tais recursos para tradução da produção de antropólogos/as brasileiros/as em língua estrangeira, quando existentes, tendem a privilegiar alguns centros de pesquisa, o que produz dificuldades de acesso por pesquisadores/as que encontram-se nas regiões não centrais da produção científica do Brasil; bem como tendem a privilegiar pesquisadores/as com carreiras consolidadas ou em vias de consolidação. Pensamos que esta é a melhor maneira de apresentar ao ecúmeno global da antropologia, a produção de pesquisadores/as negro/as e indígenas e as contribuições que trazem para a renovação da disciplina, bem como promover diálogos com intelectuais também negro/as e indígenas de diversos países, contribuindo para construções de redes de interlocução.
Trabalhar em prol de uma melhor divulgação e mais plural da produção brasileira em antropologia, que se diversifica, expande e enriquece com olhares descentrados é o intuito deste dossiê. Nesse sentido, a fim de mitigar as desigualdades étnico-raciais que marcam a composição do coletivo de autores do periódico, a editoria da Vibrant direciona a presente chamada à jovens doutorandos/as e/ou recém-doutores/as (até 7 anos após a defesa da tese) negros/as a apresentarem artigos seguindo as normas de publicação deste periódico explicitadas nas Instruções aos Autores e estando sujeitos/as aos processos de avaliação da Vibrant.
Diferentemente dos demais dossiês publicados pela Vibrant e entendendo a pluralidade temática que marca a produção de antropólogos/as negros/as brasileiros/as, a presente chamada não propõe angariar trabalhos que versem sobre uma mesma questão. Ou seja, os artigos a serem submetidos não precisam necessariamente versar sobre a questão étnico-racial, embora a presença do debate é desejável e seja bem-vinda. Tampouco as pesquisas precisam se limitar às realizadas em território brasileiro. O que almejamos, aqui, é justamente apresentar para os/as leitores/as a pluralidade de perspectivas que re-conformam o campo da antropologia com tais presenças.
Ao fim e ao cabo, direcionar o presente dossiê a esta parcela de nossa comunidade de antropólogos/as é uma contribuição da Vibrant no movimento de garantir maior equidade à antropologia brasileira que é internacionalizada por meio do nosso periódico. Com isso, mostraremos o potencial da pluralização do corpo de pesquisadores/as que compõem a nossa disciplina, além de atuar como referência para outros periódicos nacionais e internacionais.
Data Final de Submissão dos artigos
30 de junho de 2024
Clique em https://vibrant.org.br/instructions-for-authors/
Cronograma:
- Divulgação da chamada e Submissão dos artigos:
30 de janeiro 2024 – 30 de junho de 2024.
- Atribuição e Finalização dos pareceres:
Junho a agosto 2024
- Ajustes e entrega das versões finais dos artigos e tradução:
Agosto/outubro 2024
- Entrega dos textos para normalização e editoração:
Outubro/novembro 2024
- Ajustes finais:
Janeiro de 2025
- Data estimada de publicação: finalização e publicação do dossiê
Fevereiro/março de 2025 – v 22 (2025).