Aparecida Vilaça, Versions versus bodies: translations in the missionary encounter in Amazonia
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Aparecida Vilaça, Versions versus bodies: translations in the missionary encounter in Amazonia. in: Vibrant – Virtual Brazilian Anthropology, v. 13, n.2. July to December 2016. Brasília, ABA. Available at http://www.vibrant.org.br/issues/aparecida-vilaca-versions-versus-bodies-traducoes-no-encontro-missionario-na-amazonia/
Abstract
This paper analyzes the two distinct concepts of translation at work in the encounter between the Amazonian Wari’ and the New Tribes Mission evangelical missionaries, and the equivocations stemming from this difference. While the missionaries conceive translation as a process of converting meanings between languages, conceived as linguistic codes that exist independently of culture, for the Wari’, in consonance with their perspectivist ontology, it is not language that differentiates beings but their bodies, given that those with similar bodies can, as a matter of principle, communicate with each other verbally. Translation is realized through the bodily metamorphosis objectified by mimetism and making kin, shamans being the translators par excellence, capable of circulating between distinct universes and providing the Wari’ with a dictionary-like lexicon that allows them to act in the context of dangerous encounters between humans and animals.
Keywords: Wari’; Amazonia; Christianity; translation; perspectivism; shamanism.
Versões x corpos: traduções no encontro missionário na Amazônia
Resumo
Este artigo analisa dois conceitos distintos de tradução em ação no encontro entre os Wari’ da Amazônia brasileira e os missionários evangélicos da Missão Novas Tribos, em particular os equívocos gerados por essa diferença. Enquanto os missionários concebem a tradução como um processo de converter significados de uma língua para a outra, concebendo a linguagem como independente da cultura, para os Wari’, em consonância com a sua ontologia perspectivista, não é a linguagem que diferencia os seres, mas o corpo. Como consequência, aqueles com corpos similares podem, em princípio, comunicar-se entre si verbalmente. A tradução é assim realizada por meio da metamorfose corporal objetificada no mimetismo e na produção de parentes, sendo os xamãs os tradutores por excelência, capazes de circular entre universos distintos, disponibilizando para os Wari’ uma espécie de dicionário que os habilita a atuar no contexto de encontros perigosos entre humanos e animais.
Palavras-chave: Wari’; Amazônia; cristianismo; tradução; perspectivismo, xamanismo.