Chamada: Dossiê “Utopias da Reciclagem e Circularidade”

Antropologia inova seus estudos teóricos e empíricos e denuncia a urgência de uma ordem ecológica. Nessa chamada para artigos, convidamos a pesquisadoras/es que queiram apresentar seus resultados e reflexões sobre experiências de outro mundo possível, já que compartilhamos da narrativa que não há um “Planeta B” e a Pachamama/Mãe terra/Gaia/Planeta Terra é nossa casa.

Pesquisas contemporâneas sobre “sociedade de risco” (Beck, 1992), “metamorfose” do planeta (Beck, 2016), poluição e degradação, o “mito da sustentabilidade” (Krenak, 2022), antropoceno, economia circular e biocircular, sociedade circular, “capitaloceno” (Moore, 2015), “sustainable violence” (Dunlap, 2017), “Fossil Fuel + ou 2.0” (Dunlap, 2021) e políticas de valorização e reciclagem de materiais (Rial, 2016; Rial, Eckert, 2020) – tanto biológicos como tecnológicos e industriais – alertam para a destruição originada por políticas econômicas e ações que minam e colapsam o equilíbrio ecossistêmico. Nesse dossiê, serão bem-vindas contribuições a esse campo conceitual, mas gostaríamos de estudar o que vem sendo encontrado e construído na outra face do caos, queremos reunir investigações que tragam etnografias e outros tipos de estudo sobre as práticas e métodos comuns de habitantes humanos em diferentes contextos (sejam essas paisagens erodidas, pequenos e grandes bairros, residências, casas comunais, vilas e grandes megalópoles). Como esses humanos lidam com essas realidades em “metamorfose” (Beck, 2016)? Resíduos podem ser são tratados como categorias polissêmica e provocativa, pois têm o potencial de revelar as estruturas sociais que produzem desigualdades dentro dos diferentes grupos sociais e também apontar novos usos e criações.

Essa publicação pretende reunir trabalhos que concentram seus esforços em mostrar etnograficamente o “estado da arte” sobre resíduos quando não são “desperdiçados”, aniquilados e/ou incinerados, mas reingressam e circulam nos ciclos de uso, reuso, reparo, reciclagem, compostagem/apodrecimento e recuperação de materiais. Como essas pessoas criam formas de transformar (e se transformar) e metamorfoseiam como agentes nas circularidades naturais ou técnicas envolvidas em novos ciclos de transformação? Quais são as perdas e os ganhos nesses processos? O que está acontecendo nas cidades, ruas, depósitos de lixo, empresas pequenas e grandes de design, indústrias, no cotidiano de alguns humanos e seus parceiros multiespécies, tais como, por exemplo, as minhocas e os fungos? Como os diferentes atores estão lidando com a reciclagem? Existe uma utopia em imaginar, criar e colocar em prática o que pode vir ser o nosso futuro? Vamos pensar nessas utopias de reciclagem e circularidade.

O dossiê aceita contribuições que tragam registro de ações e ideias “para adiar o fim do mundo”, como propõe o filósofo Ailton Krenak (2020). O que está acontecendo nas áreas urbanas, em especial, e nas demais paragens, em geral, em termos de mudança e movimento em direção a algum (ou alguns) futuro(s) possível(veis)? Que venham artigos com foco na antropologia dos resíduos, a chamada garbologia (Rathie, 1992), especificamente em conexão com a “economia circular” e os futuros possíveis. Pretendemos publicar estudos contemporâneos que acompanhem a circularidade de materiais e elementos químicos respondendo ao estado de emergência ambiental, mas sonhando e aprendendo com alternativas de viver nos “escombros” (Tsing, 2019). Acolheremos etnografia de projetos de reciclagem, upcycling, e inovações no tratamento de materiais, especialmente de plásticos, equipamentos eletrônicos, alimentos/resíduos orgânicos/compostagem, entre outros. Queremos apresentar um dossiê trazendo um certo otimismo de resistência ao debate acadêmico sobre reciclagem e com foco em tornar a utopia realidade vivida.


Submissões de artigos

A chamada está aberta a contribuições de diferentes abordagens disciplinares, da sociologia, antropologia, ecologia política e geografia política, arquitetura, direito, história, economia ou ciência política. Você está interessado em enviar seu trabalho para esta edição especial? Recomendamos que acesse a página da Vibrant e leia as Diretrizes do Autor.

Prazo para submissão de trabalhos: até 30 de novembro de 2022

Editores de organização

Barbara Arisi – Vrije Universiteit Amsterdam – VU
barbara.arisi@gmail.com
Cristhian Caje – Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC
cristhiancaje@gmail.com

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Call for Papers: Dosier “Utopias of Recycling and Circularity”

Anthropology innovates its theoretical and empirical studies and denounces the urgency of an ecological order. In this call for articles, we invite researchers who would like to present their research results and reflections on experiences of “another possible world”, as we share the narrative that there is no “Planet B” and Pachamama/Mother Earth/Gaia/Planet Earth is our home.

Contemporary research on “risk society” (Beck, 1992), “metamorphosis” of the planet (Beck, 2016), pollution and degradation, the “myth of sustainability” (Krenak, 2022), Anthropocene, circular and bio circular economy, circular society, “capitalocene” (Moore, 2015), “sustainable violence” (Dunlap, 2017), “Fossil Fuel + or 2.0” (Dunlap, 2021), and  biological, technological and industrial material  recovery and recycling policies (Rial, 2016; Rial, Eckert, 2020 ) warn of the destruction caused by economic policies and actions that undermine and collapse the ecosystem balance. In this dossier, contributions to this conceptual field will be welcome, but we would like to study what has been found and built on the other side of the chaos; we want to gather investigations that bring ethnographies and other types of studies on the standard practices and methods of human inhabitants in their so many different contexts (whether these are eroded landscapes, small and/or prominent neighborhoods, residences, communal houses, towns, and large megalopolises). How do these humans deal with these “metamorphosing” realities (Beck, 2016)? Waste can be treated as a polysemic and provocative category, as it has the potential to reveal the social structures that produce inequalities within different social groups and also point out new uses and creations.

This publication intends to bring together works that focus their efforts on ethnographically showing the “state of the art” of waste when it is not “wasted,” annihilated and incinerated, but re-enters and circulates in the cycles of use, reuse, repair, recycling, composting/ decay and recovery of materials. How do people create ways of transforming (and transforming themselves) and metamorphosing as agents in the natural and/or technical circularities involved in new cycles of transformation? What are the losses and the gains in these processes? What is happening in cities, streets, garbage dumps, small and large design companies, and industries and in the daily lives of some humans and their multispecies partners, such as earthworms and fungi? How are so many different actors dealing with recycling? Is there a utopia in imagining, creating, and putting into practice what could be our future? Let’s think together about these utopias of recycling and circularity. The dossier accepts contributions that bring a record of actions and ideas “to postpone the end of the world, ” as philosopher Ailton Krenak (2020) proposes. What is happening in urban areas in particular, and elsewhere in general, regarding” change and movement towards some (or some) possible future(s)? May there be articles focusing on the anthropology of waste, the so-called “garbology” (Rathie, 1992), specifically in connection with the “circular economy” and possible futures. We intend to publish contemporary studies that follow the circularity of materials and chemical elements responding to the state of environmental emergency but dreaming and learning about alternatives to living in the “ruins” (Tsing, 2019). We will welcome ethnography of recycling projects, upcycling, and innovations in the treatment of materials, especially plastics, electronic equipment, and food/organic waste/compost. We want to present a dossier bringing a certain optimism of resistance to the academic debate on recycling and focusing on making utopia a lived reality.

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Article submissions

                                                                                  
The call is open to contributions from different disciplinary approaches, from sociology, anthropology, political ecology, and political geography to architecture, law, history, economics, or political science. Are you interested in submitting this special issue? We recommend that you review the About the Vibrant page, as well as the Author Guidelines

Important dates

Deadline to submit papers: before November 30th 2022
First Peer review process: December 2022
Second Peer review process: February 2022
Author revisions: March 2023
Publication: April 2023

Organizing Editors

Barbara Arisi – Vrije Universiteit Amsterdam – VU
barbara.arisi@gmail.com
Cristhian Caje – Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC
cristhiancaje@gmail.com

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